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Informática, Tecnologias de Informação e Economia são apostas seguras, mas a reputação da escola é decisiva
Isabel Leiria e Joana Pereira Bastos
O tempo está a contar. Milhares de jovens finalistas do ensino secundário têm duas semanas para escolher o curso e fazer uma opção que pode determinar as suas vidas: seguir a vocação ou sacrificá-la em nome de um emprego mais certo no futuro. Com a crise no auge, nunca a decisão foi tão relevante.
Para os que agora se candidatam ao ensino superior — a 1ª fase de acesso termina a 9 de agosto —, a entrada no mercado de trabalho só deverá acontecer, no mínimo, dentro de três anos. Nesta conjuntura, é difícil ter certezas sobre a evolução do emprego, mas há áreas que, para os empregadores, são apostas seguras. Além da medicina e das engenharias, em particular informática, eletrotécnica, de telecomunicações e de renováveis, também as formações na área das tecnologias de informação e comunicação oferecem boas perspetivas, diz Pedro Mota, diretor da Randstad Professionals, uma das maiores empresas de recrutamento e gestão de carreiras em Portugal. Gestão, Economia e Marketing Digital são outras das áreas em que há procura, acrescenta.
“As profissões mais ‘exportáveis’, que mais facilmente se podem exercer noutros países, abrem melhores possibilidades. As ciências sociais e as humanidades ficam prejudicadas pelas barreiras linguísticas e culturais”, resume Amândio Fonseca, diretor da Egor, outra das maiores empresas da área.
Mas o que deve fazer um aluno que sempre sonhou ser jornalista, uma das áreas com mais desemprego, ou professor, sector em que praticamente deixou de haver trabalho no Estado? Para Amélia Amorim, psicóloga do gabinete de orientação profissional da Secundária Sebastião e Silva, em Oeiras, não compete aos técnicos destes serviços influenciar a escolha dos alunos em função das perspetivas de emprego. “Se um aluno quiser ir para um curso com poucas saídas não faz parte do nosso trabalho dizer-lhe que não. É muito mais importante ter em conta o seu projeto de vida, as suas competências e preferências.”
Os empregadores, no entanto, são mais pragmáticos. “Arrisco-me a dizer que faz sentido sacrificar a vocação. Infelizmente, o mercado de trabalho em Portugal não permite arriscar num sonho. Quem o fizer tem de estar consciente da decisão, pois o desfecho poderá ser o desemprego”, avisa o diretor da Randstad.
Amândio Fonseca, da Egor, corrobora: “Se um jovem escolher um curso que não tem grandes perspetivas de emprego, tem de se convencer de que terá de ser o melhor. Nessas áreas, só assim terá alguma hipótese.”
Escolas de 1ª e 2ª divisão
A crise e a falta de emprego entraram definitivamente nas preocupações dos alunos do secundário na hora de escolher o curso. “Até há uns anos, a questão da empregabilidade não era tão colocada. Atualmente, é uma das primeiras perguntas que fazem. Receiam seguir uma formação que, na expressão deles, ‘não vale nada’”, conta a psicóloga Amélia Amorim.
O investigador do Instituto de Ciências Sociais e coautor do estudo “Empregabilidade e Ensino Superior” Vítor Sérgio Ferreira alerta para os riscos de se estar a criar uma “obsessão do emprego”. O sociólogo defende que os alunos que tenham uma vocação clara ou uma preferência forte não devem abdicar dela por causa da economia.
Ainda assim, frisa a importância de conhecer as taxas de desemprego associadas a cada curso. O problema, critica, é que “ainda não existe um sistema consistente e homogéneo para averiguar” este indicador relativamente às licenciaturas de cada instituição.
O Ministério da Educação (ME) disponibiliza semestralmente a taxa de desemprego de cada curso. Este ano, o ME chegou mesmo a utilizar este indicador para determinar um corte de vagas nas licenciaturas com menor empregabilidade.
O problema, diz o investigador, é que estes dados “são muito pobres”. Além de não serem os mais atuais, só contabilizam os diplomados inscritos nos centros de emprego, deixando de fora todos os que emigraram por falta de trabalho, os que foram forçados a aceitar empregos desqualificados noutras áreas ou os que, estando desempregados, não se inscreveram no IEFP.
Apesar das lacunas, as listas disponibilizadas no site da Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência deixam evidentes algumas tendências: no top dos 10 cursos com menor taxa de desemprego predominam as formações na área da Saúde, com destaque para a medicina. No extremo oposto da tabela, os cursos são mais variados, e há uma maior concentração de escolas privadas e de institutos politécnicos.
O curso não é tudo. Aos olhos dos empregadores, existem escolas de primeira e de segunda divisão. “Em algumas áreas, um jovem pode nem sequer conseguir uma entrevista de emprego só por ter tirado o curso numa determinada instituição”, resume Vítor Ferreira.
Se conseguir chegar à fase de entrevista, há outros aspetos cada vez mais valorizados e que vão além do que é aprendido na universidade (ver caixa). Competências pessoais como a capacidade de liderança podem ser o fator de desempate.
Se tudo falhar, há a possibilidade de procurar trabalho no estrangeiro. A geração que cresceu com a crise já está mentalizada de que o mercado de trabalho não tem fronteiras. Os que agora se preparam para entrar na universidade sabem que a saída pode estar lá fora.
DICAS PARA O CURRÍCULO
Experiência no estrangeiro
O contacto com outras culturas através de programas como o Erasmus é uma mais-valia.
Estágios e part-times
Estágios ao longo do curso e não apenas no último ano são importantes, assim como os trabalhos em part-time. O contacto com o mercado de trabalho deve acontecer o mais cedo possível.
Línguas
Não basta ‘arranhar’ um idioma; é fundamental ser fluente em pelo menos uma língua estrangeira. Além do inglês, há outras a ganhar importância, como espanhol ou mandarim.
Voluntariado
O envolvimento em projetos sociais revela empenho e preocupação com os outros. Já há universidades a incentivar os estudantes a fazê-lo.
Softskills
Além do currículo, os empregadores estão atentos a competências como a facilidade de comunicação, o espírito de iniciativa, a liderança ou a capacidade de trabalhar em equipa, características testadas nas entrevistas de emprego.
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The Honourable Schoolboy
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