Universidade de Lisboa em 2.º lugar no ´top´ ibero-americano
Diário de Notícias |
07 Fevereiro 2014 |
A Universidade de Lisboa (ULisboa) ficou em segundo lugar entre todas as instituições ibero-americanas no ranking SIR Iber 2014, tomando-se também na melhor da Península Ibérica nesta tabela, que mede a produção científica. A universidade quer ultrapassar outras barreiras, mas avisa que isso não será possível se as alterações feitas pelo Governo ao financiamento dos investigadores se mantiverem por muito tempo. Para o desempenho da ULisboa foi naturalmente decisivo o facto de os indicadores das antigas Clássica e Técnica terem passado a ser tratados em conjunto, após a fusão consumada no ano passado. Mas o vice-reitor da instituição, Rogério Gaspar, defendeu ao DN que esse facto por si só não chega para explicar este segundo lugar entre largas centenas de instituições. "Não só existe um efeito resultante desta agregação como as duas anteriores universidades, individualmente, tinham vindo acrescer nos últimos anos", disse. "Estes resultados, que hoje conhecemos, resultam de trabalhos de investigação que chegam a remontar a 2005 e 2006" explicou. Além do volume da investigação científica produzida, a ULisboa tem indicadores positivos sobre a qualidade que é reconhecida a esse trabalho. O número médio de citações que entidades externas fazem dos artigos científicos produzidos pelos investigadores é traduzido num indicador (NI). E, no caso da ULisboa, este tem o valor de 1.21, que significa que a universidade é citada 21% acima da média mundial. Mas é nesta área, diz Rogério Gaspar, que a capacidade agora reunida numa instituição pode fazer a diferença. "O efeito positivo da fusão será muito mais visível dentro de dois, três, quatro, cinco anos", considera. "Tem que ver com os projetos que estamos a fazer agora: investigação interdisciplinar, em áreas inovadoras que nunca foram feitas em Portugal. Temos a oportunidade de juntar áreas de conhecimento totalmente diferentes". Melhorar a esse nível deverá traduzir-se numa evolução daquele que é considerado o principal barómetro da qualidade das universidades mundiais: o ranking de Shangai. Antes da fusão, as antigas "Clássica" e Técnica ocupavam lugares habitualmente entre o 400 e o 500. Na última atualização, a ULisboa já estava perto da posição 200. Mas para se chegar mais longe, avisou Rogério Gaspar, não podem existir flutuações no financiamento da investigação. "Podemos melhorar desde que nos deixem ter condições para fazer o trabalho. A grande questão para a qual os rankings nos devem alertar a todos é que só é possível ter resultados com componentes de apoio forte à investigação que demoram muitas vezes uma década a ter resultados". Este ano, a Fundação para a Ciência e Tecnologia reduziu drasticamente as bolsas individuais concedidas: foram atribuídas 238 bolsas de doutoramento e 233 bolsas de pós-doutoramento, ficando cerca de 90% dos candidatos sem apoio. Números que, avisam as instituições, não afetam apenas os excluídos mas todo o sistema. O Governo tem defendido que não houve um desinvestimento na ciência, apenas uma opção assumida de retirar a estas bolsas individuais para apoiar programas de doutoramento mais alargados. Mas para Rogério Gaspar, o corte "não é matéria de discussão ou opinião" mas um facto demonstrável: "Fala-se em 1700 bolsas os programas de doutoramento, mas estas são divididas por quatro anos. Aos números das bolsas individuais teremos, assim de adicionar em média mais 400 bolsas por ano, mas quando o fazemos contínua a haver uma redução de 40%", explicou. "Já nas bolsas de pós-doutoramento, como não há programas pós-doutorais, a redução é muito mais significativa". |
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