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Seis cursos superiores sem alunos
domingo, 18-12-2011
Jornal Notícias
domingo, 18-12-2011
Jornal Notícias
Seis cursos superiores sem alunos Cerca de 200 têm menos de dez estudantes matriculados Ensino Politécnico é o que regista mais vagas por preencher Seis cursos tiveram zero inscritos no concurso nacional Politécnico é o mais atingido. Portalegre fala de "asfixia" do ensino superior no interior do país ALEXANDRA FIGUEIRA Seis cursos ficaram desertos, ao final das três fases de acesso ao ensino superior. São todos ministrados por politécnicos do interior, onde se fala da "liberalização" agudizada este ano e da "asfixia" que ela representa para o ensino fora das grandes cidades. Dois cursos do Instituto Politécnico de Beja: Biologia e Recursos Naturais e Animação SocioculturaL Engenharia Industrial, em Castelo Branco e Engenharia Florestal, em Bragança. Tecnologias de Informação e Comunicação, em Abrantes. Engenharia e Gestão Industrial, de Portalegre. Excluindo os horários especiais, foram estes os seis que acabaram as três fases de acesso sem qualquer aluno matriculado, segundo o Ministério da Educação e do Ensino Superior. Só em Janeiro se saberá quantos alunos entraram ao abrigo de regimes especiais, como os "mais de 23 anos" (os antigos exames ad hoc, para adultos) e que têm particular importância no ensino politécnico, mas os dados relativos ao concurso principal são claros: além dos seis com zero alunos, uma centena recebeu menos de dez matrículas - de novo, sobretudo em institutos politécnicos. Os números reflectem o que Joaquim Mourato, presidente do Politécnico de Portalegre, chamou de "liberalização total" do ensino superior, que tem como efeito a asfixia do ensino no interior do país. Começou há uns três anos e, agora, agudizou-se, pelo efeito combinado de dois factores. Por um lado, o aumento das vagas, sobretudo em horários pós-laborais, que não estão sujeitos a quotas e, por vezes, funcionam como cursos diurnos tardios, afirmou. No país, houve mais de cinco mil vagas lançadas em horário pós-laboral. Por outro, pela redução do número de alunos a concurso, por via das provas específicas. "Se são demasiado fáceis passam todos; se são demasiado difíceis chumbam e não há procura suficiente". A imprevisibilidade da procura, disse, toma o sector "ingovernável" e exige uma resposta do Governo, a quem pergunta Mourato se "quer dar continuidade ao desequilíbrio existente ou se quer contribuir para corrigir as assimetrias regionais". Em causa está, garante, a "sobrevivência do interior". O resultado é patente nos números: mais de sete mil vagas por preencher, só no ensino superior público. São cursos que fecham ou cujos alunos têm que ser integrados em turmas de outras formações, como sucede em Bragança (ler ao lado). E que levantam um outro problema: o que fazer aos professores que lhes estão adstritos. Em Portalegre, hoje há uma dúzia de docentes de áreas com pouca ou nenhuma procura "Receio que o número dispare, se nada for feito", disse Joaquim Mourato. Em Portalegre, os "constrangimentos orçamentais vão ditar, certamente, a redução das despesas com o pessoal", acrescentou. No outro lado da balança estão os muitos cursos preenchidos a mais de 100% - o que se explica pelo facto de as vagas abertas para os regimes especiais e não preenchidas poderem ser atribuídas nas segunda e terceira fase de acesso (por exemplo aos alunos que fizeram os exames em Setembro). A título de exemplo, refiram-se os cursos de Turismo, Lazer e Património e de Arqueologia e História, da Universidade de Coimbra, que acabaram por admitir alunos correspondentes a 150% das vagas iniciais. Não foi possível obter esclarecimentos por parte dos responsáveis pelos restantes politécnicos referidos pelo JN. O Ministério da Educação e do Ensino Superior também não prestou declarações. Cidades do interior vivem dos alunos vindos de fora Atractivas e desertificadas Universidade da Beira Interior e Politécnicos de Bragança, Guarda e Portalegre - nestas quatro instituições de ensino superior, dois terços dos alunos matriculados nas três primeiras fases de acesso, este ano, vieram de fora do distrito. O facto pode ser entendido como sintomático da capacidade de atracção das instituições de ensino - ou da cada vez maior desertificação do interior, que faz desaparecer jovens em direcção ao litoral. E o caso de Portalegre. O distrito tem entre 500 e 600 candidatos ao ensino superior, mas o instituto politécnico abriu 720 vagas, de acordo com o presidente, Joaquim Mourato. Em resultado, e com a progressiva desertificação do interior, as instituições de ensino lá localizadas ou conseguem captar estudantes vindos de outras regiões, ou outro tipo de alunos (como adultos que concorram ao abrigo do regime dos mais de 23 anos) ou funcionam muito abaixo da capacidade (os dados finais de ocupação, incluindo todo o tipo de alunos, só deverão ser conhecidos em Janeiro). Nos extremos opostos estão as regiões autónomas, cuja insularidade justifica o reduzido número de alunos vindos de fora. Já na Universidade do Porto, só um terço dos alunos vivem noutros distritos, percentagem que desce para 27% no Minho. Recorde-se que Braga é um dos distritos mais jovens da Europa. Aveiro está dividida a meio: metade vive no distrito, metade fora Em Lisboa, é a Nova quem mais gente de fora atrai: 45% dos alunos. "Vai ser preciso despedir professores" - Como compreender a existência de cursos com zero alunos, nas fases "normais" de acesso? - Dos cursos que não tiveram inscritos, só o de Bragança me surpreende, porque tem ligação ao local onde é ministrado. Os politécnicos devem adaptar-se à procura existente na zona e depois ir às empresas e liceus fazer publicidade aos cursos. Se não, não têm impacto no sítio onde estão integrados. Veja Coimbra: o que é que a cidade ganhou por lá ter a universidade? O corredor até à Figueira da Foz é um dos mais pobres do país... - Falta marketing ao ensino superior? - Há todo um trabalho que os politécnicos têm que fazer para criar cursos que tenham receptividade na zona. Mas muitas vezes são é criados a pensar nos professores que lá estão. Cursos com zero alunos ou não têm uma definição clara ou falta-lhes uma inserção clara no mercado de trabalho. - Menos alunos significa menos dinheiro, logo menos capacidade para investir na qualidade? - O mercado vai obrigar as instituições a unirem-se, veja-se o caso da Universidade de Lisboa e do Técnico. Não pode haver todos os cursos em todo o lado. É preciso um empurrão e a troika obriga a repensar o sistema. Vai ser preciso despedir professores, vão ter que se adaptar a outras coisas. Há professores que são assistentes toda a vida! É preciso avançar, melhorar-se, publicar. - A empregabilidade deve ser considerada na acreditação dos cursos? - O ensino superior deve dar uma boa base técnica, cultura, científica e o próprio Alberto Amaral [presidente da agência de acreditação] tem obrigado a instituições a avaliar as saídas profissionais. Mas é preciso fazer mais. Este número de instituições de ensino superior não faz sentido, vão ter que aproveitar sinergias, funcionar com pólos, como o Minho. a.f. |
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Nb. Curioso que no Expresso este Sábado, governo iria aprovar grandes alterações estruturais (dado que OE já foi), tb noticia inocua NC no Publico hoje; E no JN, algo com ESup. Curioso que semanas atras tivemos aqui um 'aviso' (uma especie de gentle reminder antes de gentle persuation antes de...), semelhante, por outra pessoa. Alias muito (!) proxima profissionalmente, por linhas UE e fundos UE p\efeitos de divulgação Sci, com NC. Esse mesmo. Ninguem ligou, pareceu-me. Agora, esta noticia no JN: parece um 23. Bf3 apos um 17. Cc5. Parece... Fumaça, talvez. Mas NC é eximio (a 'lenda' corre...) nestas manobras. Alias comentario lisonjeador a NC no Expresso tb, ao estilo de como vai deslocando e colocando e ... . Isso aí.
The Honourable Schoolboy
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